Imagine que se sente ansioso... mais... mais... ainda mais. O seu coração parece que salta do peito, o ar está rarefeito, uma sensação de alheamento, como se estivesse num sonho (ou mais propriamente num pesadelo), uma linha ténue entre realidade e distância. As mãos trémulas e húmidas, um desespero que se apodera de si. Não consegue pensar racionalmente, sente-se a sufocar em pensamentos à velocidade da luz. O medo... muito medo... o medo de enlouquecer, de morrer, de perder o controlo. O medo do medo apodera-se de si e só quer que isto pare.
É mau? É com certeza muito pior para quem por isto passa constantemente, semanalmente, diariamente. É uma experiência tão aterradora que desenvolve frequentemente o medo do medo. Isto porque a preocupação e medo de voltar a experienciar esses sintomas, ou de que algo de terrível lhe aconteça ("e se voltar a ter um ataque de pânico?", "e se me sentir mal?", "e se o meu coração não aguentar e tiver um ataque cardíaco?", "e se enlouquecer?"), é tão intensa que torna esses pensamentos persistentes, criando gatilhos que facilitam o despoletar efetivo de sintomas.
A partir daí estão criadas as condições para que a pessoa desenvolva o medo do medo: medo de voltar a ter um ataque de pânico. Uma vez que a sua repetição, além de assustadora, aumenta a crença de que irá voltar a acontecer, aumentando o nível de insegurança e de falta de controlo.
A pessoa entra então num ciclo vicioso de pensamentos, interpretações catastróficas e emoções negativas que desencadeiam sintomas fisiológicos intensos. Quanto mais pensa mais sente e quanto mais sente mais pensa.
Como se vivesse com medo permanente, tendo necessidade de hipervigiar os próprios sintomas fisiológicos que desencadeiam os ataques de pânico. Ora, quanto mais atenta a pessoa estiver a esses sinais fisiológicos, mais se foca nos próprios sintomas, intensificando-os, entrando num ciclo vicioso que poderá resultar num novo ataque de pânico.
E por aí, já sentiu medo do medo?